No início deste mês, foi lançado o projeto Viva o Verde SP. Fruto de uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o ONU-Habitat (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos), a iniciativa deve guiar novas políticas públicas municipais para aprimorar a qualidade dos espaços públicos verdes.
A priori, serão propostas melhorias em 111 parques da cidade de São Paulo. A ideia é alcançar a igualdade na distribuição espacial e na acessibilidade das áreas verdes públicas. “Será uma ação contínua não só para podermos ampliar o número de parques. Eles vão fazendo os diagnósticos com dez parques principais e depois um lote de 80 parques até chegar a todos os 111 parques com todo o trabalho de indicação das melhorias que devem ser feitas”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes.
O acordo entre as instituições foi firmado com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente em setembro de 2022 e tem duração de três anos. A prefeitura está investindo cerca de R$ 5,5 milhões na ação.
São Paulo Verde
Apesar de sua reconhecida estrutura urbana, São Paulo tem uma cobertura vegetal em quase metade do seu território (48,18%). Além disso, quase um terço do município (31,78%) é rural. Com o projeto Viva o Verde SP, a capital espera aprimorar os usos destes espaços e promover uma reaproximação da população com as áreas verdes.
O projeto adota uma perspectiva interseccional, ou seja, orientada pela igualdade de gênero e promoção da diversidade, e visa fortalecer a ação climática, valorizando a biodiversidade e os biomas locais e contribuindo com a melhoria do ambiente urbano e da saúde da população.
“Cidades planejadas, administradas e financiadas com critérios de inclusão, sustentabilidade e eficiência contribuem para a prosperidade econômica, a sustentabilidade ambiental, a igualdade social e o fortalecimento de instituições cívicas e culturais”, afirma a Oficial Nacional do ONU-Habitat para o Brasil, Rayne Ferretti Moraes.
Como será realizado
Serão desenvolvidas nos parques ações que promovam a participação da população paulistana através de diversas organizações da sociedade civil, setor privado e academia. A primeira iniciativa neste sentido será a composição de um grupo de referência formado por servidores da prefeitura e representantes da sociedade civil, da academia e de especialistas técnicos.
Os resultados do projeto tomarão forma concreta a partir do desenvolvimento de 14 produtos teóricos e práticos ao longo dos três anos. Os produtos incluem a aplicação das ferramentas globais do ONU-Habitat de avaliação do espaço público na escala da cidade e na escala do bairro (tradução livre das metodologias City-wide and Site-Specific Public Space Assessment), sob a perspectiva de gênero, e o treinamento de funcionárias e funcionários da prefeitura e de representantes da sociedade civil e ONGs para capacitação no uso destas ferramentas.
Entre os produtos, será elaborado um relatório de avaliação de 80 parques urbanos e 21 parques lineares descrevendo as lacunas e recomendações para melhoria. Além disso, dez parques considerados prioritários serão estudados em profundidade, levando em consideração a perspectiva de gênero por meio da metodologia Her City (Cidade Dela, em tradução livre). As avaliações dos parques selecionados incluirão, ainda, oficinas participativas de Block by Block (Bloco a Bloco), método que utiliza o jogo eletrônico Minecraft para desenhar, de maneira lúdica, projetos de melhoria para espaços públicos.
Objetivos da ONU
A atuação da ONU-Habitat será não apenas analisar os parques, mas também contribuir com a elaboração de planos de gestão, a promoção de parcerias e o incentivo à inovação envolvendo os espaços públicos verdes.
Orientado pelas políticas globais da Agenda 2030 e da Nova Agenda Urbana, o Viva o Verde SP transita entre cinco Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) prioritários, entre os quais o principal é o ODS 11, que procura tornar as cidades e os assentamentos humanos mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
“A urbanização sustentável pode ser uma força transformadora, criando prosperidade para todos e todas, sem deixar ninguém e nenhum território para trás. São Paulo pode se transformar em uma referência internacional ao mostrar que a urbanização também significa construir comunidades, compartilhar a prosperidade e viver de forma sustentável, e tudo isso passa pelo desenvolvimento eficiente dos espaços públicos verdes”, afirma o representante do ONU-Habitat para o Brasil e Cone Sul, Alain Grimard.
A premissa do projeto é que espaços públicos urbanos podem fornecer ambientes propícios para trabalhar e socializar, contribuir para um ecossistema próspero e biodiverso, ajudar a absorver carbono e produzir energia verde.
Via CicloVivo.